Os caminhos e descaminhos da depressão
A depressão é um transtorno mental marcado por uma série de características em sua manifestação que muitas vezes resulta na compreensão equivocada dos sintomas e comportamentos do depressivo por parte da maior parte da população. Ao longo dos séculos o senso comum popularizou ideias sobre este distúrbio que transitam de concepções de religiosas a relacionadas ao caráter dos acometidos pela doença. Com efeito, embora desde o século XIX a depressão venha sendo alvo de estudos de diferentes profissionais da ciência, é preciso estabelecer as bases de um entendimento popular que permita desenvolver estratégias mais adequadas ao tratamento dos indivíduos depressivos. As instituições de educação básica são a porta de entrada para a construção de uma concepção assertiva sobre a depressão que contribua com os propósitos de uma vida saudável, alvo do trabalho de médicos e psicólogos ao redor do mundo.
Em busca de soluções
Frequentemente associamos a depressão a uma tristeza exacerbada que nos atinge diante de situações fatidicamente trágicas. Com efeito, no âmbito do senso comum, julgamos que o modo como cada um assimila os golpes da vida revela a sua força ou fraqueza em enfrentar situações adversas. Não raro, é lançada ao vento a frase "não seja fraco" e, tão logo, este caminho descamba para rotas da crença religiosa onde em boa parte das vezes a depressão é associada à falta de fé. Certamente isto nos explica o conjunto das dificuldades que passamos na pandemia da COVID 19, onde os casos de depressão e ansiedade tiveram um aumento de 25% (Organização Panamericana da Saúde, 2022). Dunker (2021, p12), apontou na sua obra Uma Biografia da Depressão que o natalício da compreensão do que é a depressão encontra-se fundamentada em situações que muitas vezes levam ao tipo de concepção não científica da depressão. Para este teórico, a ausência de marcadores biológicos que informem a quantidade de gramas de serotonina ou dopamina que devem estar ausentes para que alguém manifeste os sintomas da depressão, assim como o fato de não termos um referencial específico para delimitar o que no comportamento humano é da subjetividade normal do indivíduo e o que seria anormal resulta em um grande arcabouço de ideias que existe mesmo entre grandes especialistas a respeito do que é a depressão.
Apesar do grande leque de definições a respeito da depressão e o modo como este transtorno é permeado por visões das mais variadas pelo senso comum, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais apresenta-se como um documento que estabelece uma base científica sobre o seu entendimento. É preciso salientar, no entanto, a dificuldade que temos em transpor estas informações do campo acadêmico para o cotidiano das pessoas, permitindo-as fornecer auxílio não obscurantizado àqueles que precisam de um encaminhamento profissional. Nesse sentido, é viável citarmos fontes mais simplificadas que podem ser acessadas pela população a respeito da depressão, tal como o site do Ministério da Saúde do Brasil, onde uma simplificação das informações permite às pessoas compreender os riscos de uma automedicação ou mesmo da conduta errônea de encarar a depressão como um transtorno a ser tratado apenas pela via medicamentosa. Nesse site, por exemplo, a depressão é apresentada como oriunda de situações genéticas, bioquímica cerebral e correlacionada a eventos traumáticos da vida. Os sintomas foram simplificados em seis, a saber, humor, retardo motor, insônia ou sonolência, alteração do apetite, redução do interesse sexual e dores e sintomas físicos difusos. Por ser um conteúdo oficial do Governo Brasileiro, trata-se de uma fonte que podemos indicar como sendo uma segura, que foge das armadilhas da internet onde a informação vem acompanhada da venda de tratamentos mirabolantes e quase sempre relacionados mais ao desejo de lucro de alguém do que à saúde e bem estar dos indivíduos.
Bibliografia:
Depressão. Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Brasília, 12 de agosto de 2022. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/depressao>. Acesso em: 08 de set. de 2024
Dunker, Christina. Uma Biografia da Depressão. São Paulo: Planeta, 2021. 192.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-IV. Porto Alegre: Artmed, 1995
Pandemia de COVID-19 desencadeia aumento de 25% na prevalência de ansiedade e depressão em todo o mundo. Organização Pan-Americana da Saúde. São Paulo, 22 de março de 2022. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/noticias/2-3-2022-pandemia-covid-19-desencadeia-aumento-25-na-prevalencia-ansiedade-e-depressao-em>. Acesso em: 08 de set. de 2024.
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