O ser humano e a busca pelo conhecimento

01/09/2013 22:22

Uma apreciação histórica e filosófica sobre a  busca humana pelo conhecimento

O filósofo grego Diógenes (404-323 aC) está sentado em sua morada, a banheira de barro, no Metroon, Atenas, acender a lâmpada durante o dia com o qual ele foi a busca de um homem honesto. Seus companheiros eram os cães que também serviu como emblemas de sua Ao longo dos séculos os seres humanos lançaram-se em uma trajetória de desenvolvimento que nos evidencia sua maior especificidade: a busca pelo conhecimento. Isto, no entanto, nos aponta que este foi o único caminho pelo qual o ser humano conseguiu se impor como espécie. Apresentarei aqui, nesse breve texto, a compreensão disso efetuada pelos filósofos Platão e Aristóteles.

O ser humano é intrigante no que diz respeito ao seu desenvolvimento. Se pensarmos nele apenas como um ser natural, nos remeteremos a um ser desprovido de qualquer habilidade física diante dos demais animais. A espécie hominídea não é a mais forte, tampouco, a mais rápida diante dos demais animais. Na obra do filoso Platão, no Mito de Protágoras isto ficou suficientemente evidenciado pelo Deus Prometeu:

"Quando Prometeu veio examinar a distribuição dos recursos, viu as várias criaturas bem providas de tudo, enquanto o homem encontrava-se nu, descalço, sem proteção ou armas. Sem saber o que fazer, roubou dos deuses o domínio do fogo e das artes e presenteou-os ao homem. Assim, o homem ficou com as técnicas para se conservar vivo, mas sem a arte da política."

No mencionado mito, o homem foi descrito como um ser desprotegido, incapaz de se impor diante dos demais animais, até que a ele foi "concedido" os domínios sobre o fogo e a arte. Numa perspectiva darwinista, podemos imaginar que o desenvolvimento físico do ser humano foi acompanhado pelo progresso intelectual, na medida em que a busca por repostas para a sua subsistência engendrou um conhecimento profundo a respeito da transformação de meras matérias primas em objetos úteis e consequentemente na construção de uma forma de saber.

O momento em que o homem passou a desenvolver a agricultura – que foi relatado no Mito de Protágoras como o domínio sobre a arte - pode ser considerado um marco na capacidade humana de produzir o conhecimento, o que pressupõe a busca e transmissão dinâmica de saberes. No entanto, evidencia um problema: o conhecimento sobre as técnicas de sobrevivência e de produção de bens é muito pouco para o ser humano, pois na medida em que ele se prolifera como espécie, em razão da evolução das suas técnicas, engendra a sua própria destruição, por não conhecer as especificidades da espécie, no que diz respeito às suas capacidades sociais e políticas. Nesse sentido, podemos focar em dois referenciais básicos que nos evidenciam esta busca humana pelo saber e sua consecução como o elemento que nos permite viver em sociedade: no Mito de Protágoras, onde o desenvolvimento efetivo do ser humano foi citado em termos da aquisição dos saberes da política, ou seja, o pudor e a justiça; e na obra A Política, do Filósofo Aristóteles, onde este pensador relatou o desenvolvimento da cidade-estado mediante a capacidade do homem de mobilizar o discurso para desenvolver esta ética do mundo público, ou seja a político - isto foi apontado como o ápice do desenvolvimento humano. O mencionado pensador de Estagira ainda nos evidenciou que nossa existência social na Pólis é o que nos permite avançar como espécie, pois cumpre a nossa finalidade como espécie:

"...pois cada um destes, isoladamente, não é capaz de bastar-se a si mesmo e está, em relação à cidade, na mesma situação que uma parte em relação ao todo; o homem que é incapaz de viver em comunidade, ou que disso não tem necessidade porque basta-se a si próprio, não faz parte de uma cidade e deve ser, portanto, um bruto ou um deus."

O que podemos concluir a respeito disso? Que o ser humano, como um Animal Político, que nasceu para viver socialmente, se desenvolveu a partir de estágios que vão desde o conhecimento das técnicas indispensáveis à sua subsistência aos saberes basilares da sua sociabilidade. O domínio desses saberes deu ao ser humano a capacidade de buscar incessantemente o conhecimento e compartilhar-lo socialmente. Assim, desde os primeiros "rabiscos nas cavernas", aos mitos propagados nas mais diversas sociedades, aos avanços permitidos pelos saberes filosóficos e científicos, o ser humano consagrou-se como uma espécie incapaz de conformar-se com a primeira resposta que a natureza o oferece. Foi assim, que o homem desenvolveu a astronomia, a medicina, a física, a química e tantos outros saberes que o permite caracterizá-lo como uma espécie que se impõe na natureza por sua capacidade produzir e compartilhar conhecimento.

Descrição da imagem: O filósofo grego Diógenes (404-323 aC) está sentado em sua morada, a banheira de barro, no Metroon, Atenas, acender a lâmpada durante o dia com o qual ele foi a busca de um homem honesto. Seus companheiros eram os cães que também serviu como emblemas de sua "cínico" (em grego: "Kynikos," cachorro-like) filosofia, que enfatizava uma existência austera. Três anos após esta pintura foi exibido pela primeira vez, Gerome foi nomeado professor de pintura na École des Beaux-Arts, onde ele iria instruir muitos estudantes, franceses e estrangeiros.

 

Bibliografia

 

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1995.

ARISTóTElES. A Política. livro primeiro: Da sociedade civil e da escravidão, da propriedade e do poder doméstico. . Acesso em: 01 Set. 2013.

PLATÃO. Protágoras. Disponível em: . Acesso em: 01 set. 2013.