Renascimento Reforma e Contra Reforma

21/03/2016 08:59

Professor Roberto dos Santos - História. 

 

Renascimento

 

Período da história européia caracterizado por um renovado interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte. O Renascimento começou na Itália, no século XIV, e difundiu-se por toda a Europa, durante os séculos XV e XVI. 

A fragmentada sociedade feudal da Idade Média transformou-se em uma sociedade dominada, progressivamente, por instituições políticas centralizadas, com uma economia urbana e mercantil, em que floresceu o mecenato da educação, das artes e da música. 

O termo "Renascimento" foi empregado pela primeira vez em 1855, pelo historiador francês Jules Michelet, para referir-se ao "descobrimento do Mundo e do homem" no século XVI. O historiador suíço Jakob Burckhardt ampliou este conceito em sua obra A civilização do renascimento italiano (1860), definindo essa época como o renascimento da humanidade e da consciência moderna, após um longo período de decadência. 

O Renascimento italiano foi, sobretudo, um fenômeno urbano, produto das cidades que floresceram no centro e no norte da Itália, como Florença, Ferrara, Milão e Veneza, resultado de um período de grande expansão econômica e demográfica dos séculos XII e XIII. 

Uma das mais significativas rupturas renascentistas com as tradições medievais verifica-se no campo da história. A visão renascentista da história possuía três partes: a Antigüidade, a Idade Média e a Idade de Ouro ou Renascimento, que estava começando. 

A idéia renascentista do humanismo pressupunha uma outra ruptura cultural com a tradição medieval. Redescobriram-se os Diálogos de Platão, os textos históricos de Heródoto e Tucídides e as obras dos dramaturgos e poetas gregos. O estudo da literatura antiga, da história e da filosofia moral tinha por objetivo criar seres humanos livres e civilizados, pessoas de requinte e julgamento, cidadãos, mais que apenas sacerdotes e monges. 

Os estudos humanísticos e as grandes conquistas artísticas da época foram fomentadas e apoiadas economicamente por grandes famílias como os Medici, em Florença; os Este, em Ferrara; os Sforza, em Milão; os Gonzaga, em Mântua; os duques de Urbino; os Dogos, em Veneza; e o Papado, em Roma.


(O teto da Capela Sistina é constituído por um extenso afresco, concebido por Michelangelo entre 1508 e 1512)

 

No campo das belas-artes, a ruptura definitiva com a tradição medieval teve lugar em Florença, por volta de 1420, quando a arte renascentista alcançou o conceito científico da perspectiva linear, que possibilitou a representação tridimensional do espaço, de forma convincente, numa superfície plana. 

Os ideais renascentistas de harmonia e proporção conheceram o apogeu nas obras de Rafael, Leonardo da Vinci e Michelangelo, durante o século XVI. 

Houve também progressos na medicina e anatomia, especialmente após a tradução, nos séculos XV e XVI, de inúmeros trabalhos de Hipócrates e Galeno. Entre os avanços realizados, destacam-se a inovadora astronomia de Nicolau Copérnico, Tycho Brahe e Johannes Kepler. A geografia se transformou graças aos conhecimentos empíricos adquiridos através das explorações e dos descobrimentos de novos continentes e pelas primeiras traduções das obras de Ptolomeu e Estrabão. 

No campo da tecnologia, a invenção da imprensa, no século XV, revolucionou a difusão dos conhecimentos e o uso da pólvora transformou as táticas militares, entre os anos de 1450 e 1550. 

No campo do direito, procurou-se substituir o direito medieval por uma interpretação inspirada nas fontes do direito romano. Os renascentistas afirmaram que a missão central do governante era manter a segurança e a paz. Maquiavel sustentava que a virtú (a força criativa) do governante era a chave para a manutenção da sua posição e o bem-estar dos súditos. 

O clero renascentista ajustou seu comportamento à ética e aos costumes de uma sociedade laica. As atividades dos papas, cardeais e bispos somente se diferenciavam das usuais entre os mercadores e políticos da época. Ao mesmo tempo, a cristandade manteve-se como um elemento vital e essencial da cultura renascentista. 

Renascimento, movimento artístico que se manifestou em toda a Europa, aproximadamente de 1400 a 1600. Os traços principais da arte renascentista são a imitação das formas clássicas da antigüidade greco-romana e a preocupação com a vida profana, o humanismo e o indivíduo. O Renascimento corresponde, na história da arte, à era dos grandes descobrimentos, refletindo o desejo, da época, de examinar todos os aspectos da natureza e do mundo. 

Durante o Renascimento, os artistas continuaram a merecer o status, herdado da Idade Média, de meros artesãos. Mas, pela primeira vez, começaram a se impor como personalidades independentes, comparáveis a poetas e escritores. Os pintores e escultores renascentistas investigaram novas soluções para problemas visuais formais e muitos deles realizaram experiências científicas. Neste contexto, surgiu a perspectiva linear na qual as linhas paralelas eram representadas em ponto de fuga.

O renascimento das artes coincidiu com o desenvolvimento do humanismo que estudava e traduzia textos filosóficos. O latim clássico foi revalorizado. A par desta renovação de idéias, ocorreu o período de descobrimentos de novas terras. As embarcações se lançaram em busca de novos caminhos marítimos, colhendo, como resultado, diferentes rotas para a Ásia e a imensidão das Américas. Pintores, escultores, arquitetos e navegadores sentiam o mesmo anseio de aventura, o desejo de ampliar conhecimentos e obter novas soluções.

 


 

 

Características do Renascimento Cultural 

 

O Renascimento significou uma nova arte, o advento do pensamento científico e uma nova literatura. Nelas estão presentes as seguintes características: 

a- antropocentrismo (o homem no centro): valorização do homem como ser racional. Para os renascentistas o homem era visto como a mais bela e perfeita obra da natureza. Tem capacidade criadora e pode explicar os fenômenos à sua volta. 

b- otimismo: os renascentistas acreditavam no progresso e na capacidade do homem de resolver problemas. Por essa razão apreciavam a beleza do mundo e tentavam captá-la em suas obras de arte. 

c- racionalismo: teMona Lisa (ou La Gioconda) é uma famosíssima obra de arte feita pelo italiano Leonardo da Vincintativa de descobrir pela observação e pela experiência as leis que governam o mundo. A razão humana é a base do conhecimento. Isto se contrapunha ao conhecimento baseado na autoridade, na tradição e na inspiração de origem divina que marcou a cultura medieval. 

d- humanismo: o humanista era o indivíduo que traduzia e estudava os textos antigos, principalmente gregos e romanos. Foi dessa inspiração clássica que nasceu a valorização do ser humano. Uma das características desses humanistas era a não especialização. Seus conhecimentos eram abrangentes. 

e- hedonismo: valorização dos prazeres sensoriais. Esta visão se opunha à idéia medieval de associar o pecado aos bens e prazeres materiais. 

f- individualismo: a afirmação do artista como criador individual da obra de arte se deu no Renascimento. O artista renascentista assinava suas obras, tomandose famoso. 

g- inspiração na antiguidade clássica: os artistas renascentistas procuraram imitar a estética dos antigos gregos e romanos. O próprio termo Renascimento foi cunhado pelos contemporâneos do movimento, que pretendiam estar fazendo renascer aquela cultura, desaparecida durante a Idade das Trevas (Idade Média)

 

Maquiavel e seu pensamento político

Maquiavel, a partir de seu pensamento político, procurou fundamentar uma filosofia política tendo em vista a dominação dos homens.

 

O Renascimento trouxe uma série de inovações no campo cultural. Uma delas foi desenvolvida por um autor italiano, Maquiavel, que procurava fundamentar uma filosofia política tendo em vista a dominação dos homens. Essa pretensão tinha como modelo as ciências naturais que estavam em plena descoberta (física, medicina, etc.), estabelecidas por Galileu e com o próprio ideal renascentista de domínio da natureza.

Maquiavel pretendia que essa forma de conhecimento fosse aplicada também à política enquanto ciência do domínio dos homens e que tinha como pressuposto uma natureza humana imutável. Para ele, se há uniformidade nas leis gerais das ciências naturais, também deveria haver para as ciências humanas. Isso foi necessário para manter a ordem dentro do Estado burguês então nascente, que precisava desenvolver suas atividades e prosperar.

O problema para Maquiavel, entretanto, é saber a quem serve a ciência política e o que fazer para se manter no poder. Apesar de, obviamente, ser um defensor da burguesia, não se sabe ao certo qual a sua preferência de forma de governo. Mesmo assim, ele tende ora para a República, ora para a Monarquia. Para ele, essa questão é secundária, pois a sua concepção de história era cíclica e os governos sempre se degeneravam: da monarquia à tirania, desta à oligarquia e à aristocracia, que, por sua vez, recaíam na democracia que, enfim, só terá solução com um ditador. Isso acontece (e se repete) porque os seres humanos têm uma essência universal: é o desejo de poder e os vícios a que são acometidos os homens (governantes e seus sucessores) que fazem com que o governo se degenere.

Por isso, Maquiavel lança mão de dois conceitos chaves: virtu e fortuna. Este diz respeito à grande maioria dos homens, é a sorte, o destino a que estão determinados; e aquele é a excelência que poucos homens têm de previsão, capazes de fazê-los manter o poder máximo possível e para isso podem matar, roubar, mentir, sem nenhum escrúpulo.

A diferença entre Maquiavel e os outros cientistas naturais é que estes, ao publicarem suas obras, não constrangem a sociedade de modo geral, enquanto a obra de Maquiavel causa tal constrangimento, ainda que seja usada por todos os políticos de todos os tempos. Por causa disso, o adjetivo “maquiavélico” significa que “os fins justificam os meios”, ou seja, para se alcançar um objetivo (no caso de Maquiavel, o poder e sua manutenção) vale utilizar-se de qualquer método.


Por João Francisco P. Cabral
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

 

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/maquiavel-seu-pensamento-politico.htm

 

 

REFORMA PROTESTANTE

 

Durante o século XVI, na Europa Ocidental surgiram igrejas cristãs que não obedeciam ao papa. Essas igrejas foram chamadas de PROTESTANTES.

A reação da Igreja Católica foi organizada pela Contra-Reforma. Um dos seus investimentos foi a INQUISIÇÃO.

A Reforma começou na Alemanha, liderada por Martinho Lutero. Em seguida, a Reforma Calvinista difundiu-se pela Suíça, França, Inglaterra e Holanda. Na Inglaterra, criou-se a Igreja Anglicana, que era ligada ao Estado.

 

A Questão das Indulgências

 

A Igreja Católica, durante a Idade Média, acumulou muito poder. Era possuidora de vários feudos e até os nobres lhe pagavam taxas (dízimo). Nos séculos XV e XVI uma nova mentalidade começou a questionar a mentalidade medieval. Os intelectuais humanistas do Renascimento exaltavam o valor do indivíduo e da vida terrena. As mudanças mentais estimulavam as pessoas a questionarem a riqueza e o poder da Igreja. A partir disso começaram a surgir os seguintes questionamentos:

Por que devemos nos sacrificar pagando tantos impostos à Igreja?

Por que devemos sempre obedecer aos padres?

Por que preciso deles para entrar em contato com Deus?

Foram esses questionamentos que colocaram em dúvida o poder da Igreja Católica. As pessoas começaram a perceber que o que mais interessava para a Igreja era o poder político e econômico. E esse poder econômico veio através da exploração da população pobre.

A partir desta idéia de exploração surgiu a prática das indulgências, ou seja, quem quisesse receber o perdão de Deus por seus pecados, precisava pagar uma quantia em ouro para a Igreja. Os papas diziam que quem ajudava a Igreja estava ajudando a Deus.

Porém, havia padres e pensadores humanistas que criticavam a venda das indulgências (perdão), pois segundo eles, esta era uma forma de enganar o povo. Alguns padres vendiam objetos religiosos que diziam ser legítimos, como por exemplo, lascas da cruz de Cristo, os pregos, etc.

E foi desta forma que a Igreja Católica adquiriu seu poder econômico, mas como foi dito acima, uma nova mentalidade estava se formando e as pessoas passaram a não acreditar mais naquilo que os padres diziam e criaram a sua própria ideologia - surgia assim o PROTESTANTISMO. Portanto, a Reforma Protestante foi uma forma de mostrar ao mundo as explorações da Igreja Católica.

 

 

Fonte: cyberhistoria.blogspot.com

 

2. A Reforma Luterana

Foi a primeira Reforma (1516), na Alemanha;

Martinho Lutero (1486-1546) era um monge da Igreja Católica da ordem de Santo Agostinho. Viu de perto a prática das indulgências em Roma e a partir dali passou a ser contra a esta prática. A partir disso, escreveu 95 teses denunciando os abusos da Igreja Católica. Lutero estava convencido de que só a fé poderia levar à salvação, e que, portanto, os seres humanos poderiam orar e entrar em contato com Deus sem precisar de um padre ou de uma Igreja.

 

3. Os protestantes e o capitalismo

 

Lutero teve apoio dos principais feudais alemães. Em outros lugares da Europa a Reforma teve forte ligação com a Burgesia. Foi o caso da Reforma Calvinista, que começou na Suíça, liderada por João Calvino (1509-1564).

No século XVI, a burguesia sentia-se pouco confortável. A Igreja Católica vivia atacando a maneira de a burguesia lucrar. Condenava os banqueiros, que emprestavam dinheiro a juros; insultava os comerciantes, que compravam uma mercadoria e a revendam por um preço maior. Os burgueses desejavam ser bons cristãos, mas também queriam continuar lucrando. Foi quando surgiu João Calvino. A Igreja que Calvino fundou a crença que aceitava os lucros da burguesia como coisas boas e honestas. Calvino defendia a Teoria da Predestinação. Dizia que, desde que nascemos, nosso destino já está traçado por Deus. Se vamos ser salvos ou se vamos para o inferno não depende de nós, mas do futuro que Deus escolheu para nós. A fé em Deus não é uma decisão nossa, é um presente que Ele concede a algumas pessoas. Essas pessoas certamente não são os nobres, pois não fazem nada e desperdiçam a sua riqueza com o luxo. Agora quem trabalha duro, poupa o dinheiro que recebeu e está sempre preocupado com o crescimento do seu negócio, esse agrada a Deus e tem fé, portanto, um predestinado à salvação. Ou seja, é uma forma de justificar o poder econômico da Burguesia.

 

4. Reforma Anglicana

Henrique VIII, rei da Inglaterra de 1509 a 1547, tinha sido um fiel aliado do papa no combate aos seguidores de Lutero e Calvino, recebendo o título de "defensor da fé". Entretanto, uma série de questões o levaram a romper com a Igreja Católica e a fundar uma Igreja nacional na Inglaterra: a Igreja Anglicana.

Um dos principais motivos para essa ruptura entre i rei inglês e o papa estava relacionado ao poder político. 

A Igreja era propritária de muitas terras e monopolizava o comércio de "relíquias sagradas". Setores da nobreza inglesa queriam apossar-se das terras e dos bens da Igreja. Para isso era preciso apoiar o rei, a fim de enfraquecer o poder das autoridades católicas.

Outro motivo para a Reforma Anglicana foi a crise do casamento de Henrique VIII com Catarina de Aragão. Naquela época, os reis procuravam se casar com mulheres de famílias importantes. O casamento era, antes de tudo, uma aliança política (era sobrinha de Carlos V). Assim, quando Henrique VIII se casou com ela, na verdade estava "casando"a Inglaterra com a Espanha.

A rivalidade entre a Espanha e a Inglaterra foi crescendo. Cada uma das duas nações queria provar que tinha a marinha mais poderosa e que era a grande potência européia. Henrique VIII percebeu que não dava mais para manter a aliança com os espanhóis, mas para isso era preciso separar-se de Catarina de Aragão. Assim, o rei pediu ao papa que anulasse o seu casamento com Catarina de Aragão, mas o pedido foi recusado.

O divórcio entre o rei inglês e a espanhola Catarina representava o sinal de rompimento da Inglaterra com a Espanha. Para poder se separar oficialmente, precisava que o papa anulasse seu casamento. Mas o papa se recusou a anulá-lo. A Igreja tinha que fazer uma opção ou ficava do lado da Inglaterra ou da Espanha. Neste caso, a Igreja optou pela Espanha. 

Furioso, Henrique VIII criou a Igreja Anglicana por dois motivos principais: submeter a Igreja ao Estado e anunciar o rompimento da aliança com a Espanha.

Em 1534, o parlamento inglês votou o Ato de Supremacia, pelo qual Henrique VIII tornava-se chefe supremo da Igreja Anglicana, sem grandes modificações em termos de doutrina e culto em relação à católica. Somente no reinado de Elisabeth I (1558-1603) a Igreja Anglicana consolidou-se, com uma mescla de elementos do catolicismo e do protestantismo.

Bibliografia:

SCHMIDT, Mario. Hisória Crítica - 6ª série. SP: Nova Geração, 2002.

COTRIM, Gilberto. Saber e Fazer História - 6ª série. SP: Saraiva, 2007.